segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Útero-Endométrio

Normalmente a avaliação da cavidade uterina é feita antes dos programas de fertilização in vitro, mas, caso ainda não tenha sido feita, essa investigação poderá ajudar a afastar alterações como pólipos, miomas ou aderências que podem impedir a implantação dos embriões. O melhor exame para essa investigação é a videohisteroscopia (visibilização da cavidade uterina por um endoscópio), que, além de diagnosticar as alterações citadas, pode identificar processos inflamatórios (endometrite) não reconhecidos em outros exames comuns ou a presença de células NK (Natural Killer-CD 56) que em concentrações elevadas podem atrapalhar a implantação dos embriões. A biópsia do endométrio pode concluir essas hipóteses e o tratamento com antibióticos, antiinflamatórios e eventualmente corticóides e imunoglobulina resolverão estes problemas (Rai, Raj S – IVI 2011). Outra questão é a ausência de algumas proteínas no endométrio que facilitam a implantação dos embriões. Já foram detectadas mais de 50, mas as mais estudadas são a Claudina-4 e o LIF (Fator Inibidor da Leucemia ou Fator Essencial para a Implantação). Quando estiverem ausentes ou em proporções desequilibradas, a chance de implantação embrionária será menor, mas não impossível. Esse diagnóstico é raro e só deve ser pesquisado em situações especiais, uma vez que existem controvérsias nas interpretações dos resultados.
As pacientes que tiveram endométrio fino durante a indução da ovulação nas tentativas anteriores poderão ser beneficiadas com o uso do hormônio estrogênio, aspirina e outras drogas vasodilatadoras. Outras avaliações do endométrio poderão ser feitas num futuro próximo. A hidrossalpinge, que é consequência de um processo inflamatório que dilata as trompas e provoca a formação de conteúdo líquido no seu interior, prejudica o ambiente uterino, dificulta a implantação dos embriões e aumenta a incidência de abortos.
A retirada das trompas afetadas aumenta significativamente as taxas de gravidez, pois o conteúdo que nelas havia e que provavelmente escorria para o interior do útero, impedindo a gravidez, deixa de existir. O diagnóstico de hidrossalpinge pode ser feito pelo ultrassom, por histerossalpingografia e pela videolaparoscopia.
A dificuldade na transferência dos embriões muitas vezes causa traumas no endométrio e atrapalha a implantação do embrião, principalmente quando este ato for acompanhado de dor. A videohisteroscopia com a dilatação do colo ou simplesmente a dilatação do colo uterino isolada beneficia a próxima tentativa que, preferencialmente, deverá ser realizada com sedação. A transferência embrionária sob a visão do ultrassom traz benefícios ainda maiores, pois permite ao médico observar o trajeto do cateter em direção à cavidade uterina, bem como mostrar ao casal a localização exata da colocação dos embriões.
Nível elevado de Progesterona no dia do HCG
A progesterona tem uma função chave durante a segunda fase do ciclo menstrual e é particularmente importante para a implantação dos embriões e progressão da gravidez. Entretanto, nos tratamentos de fertilização in vitro (FIV), quando se realiza a estimulação ovariana, se o nível da progeterona estiver elevado no dia da aplicação do HCG, poderá ser responsável pela da receptividade endometrial e consequentemente uma diminuição significativa (10%) na probabilidade de gravidez. Este fato tem sido o foco de interesse há vários anos, motivo de controvérsias e assunto de muitos debates. Em 2007, uma publicação avaliou a literatura existente sobre elevação de progesterona no dia do HCG e a importância no sucesso nos tratamentos de FIV e concluiu que os melhores resultados seriam quando os níveis atingissem um limiar crítico de 1,5 ng / mL. Um outro estudo , um pouco mais flexível, considerou que este nível de tolerância deve ser proporcional ao número de óvulos produzidos, podendo o limiar ser tolerado até 2,25 ng / mL
Assim elaborou a seguinte tabela de proporcionalidade:
Número de óvulos coletados Nível de progesterona tolerável no dia do HCG

Várias estratégias têm sido propostas com o objetivo de impedir a elevação da progesterona no dia do HCG, como a utilização de esquemas mais suaves de estimulação ovariana, dando preferência àquelas com associação de LH ou o cancelamento da transferência do embrião(ões) no ciclo da indução (ciclo fresco), seguindo-se da transferência de embriões congelados-descongelados em um ciclo seguinte natural ou artificialmente preparado. Sugere-se ainda que menos gonadotropina no final da fase folicular ou a administração de HCG mais cedo, antes da elevação da progesterona pode ser benéfico Estas hipóteses devem ser avaliadas em estudos mais extensos.

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